quarta-feira, julho 14, 2010

Dos Problemas

Vivo o luto de um amor. Vivo o luto dos amores. Vivo agora a aceitar esta idéia de uma amor que não te toma o corpo e alma. Apenas ao corpo e um pedaço da alma; Estou a me acostumar com a idéia de um amor deste tipo. A aprender a conviver com entregas pela metade. Onde se entrega tudo que se pensa que tem pra entregar, onde se esquece que tem uma mão atrás.
Vivo o luto de um amor,  que agora pode passar. Vivo quase com o enterro de um ideal, do meu ideal de coisa pura, de amor que se damos, que nesta guerra de espinhos que chamamos sociedade pudesse haver impunemente um paraiso, onde pudesses te entregar , não que fosse um paraiso ingenuo onde o mal nao existe, mas um paraiso que é como uma casa da gente, onde podemos confiar no outro, como se estivessemos no mesmo barco, e a paz fosse feita aos poucos, quando cada um larga pouco a pouco a arma que carrega e sua aramadura que defende um peito que dói e que temos medo de ferir.
No paraíso que sonho existem guerras, não apenas paz, existem problemas, mas todos os problemas são reais e todas as realidades tem problemas –mas isto nao é um problema.

domingo, junho 20, 2010

as pessoas

amo um amor que nem sequer me ocorreu.
amo a possibilidade do amor. amo as palavras de despedida de uma cancao de despedida.
amo sem ter um amor partindo. sem ter um amor parindo. 
amo indeterminadamente.
amo como se o infinito quisesse me adentrar. amo como se nao tivesse lugar.
amo como se fosse sentir: um fazer indefinido que tem palavras de poetas, 
e sangues de martires e extases de misticos, e lagrimas de despedidas.

amo eternamente, sem nem saber o que,
mas vou descobrindo.
amo como se pudesse achar em alguem, nos cabelos,
nos sorrisos, na beleza feminina.
amo como se meu corpo fosse um laboratorio de me conhecer
e o sentimento fosse um amplificador das sensações do existir.

amo de repente, chorando frente a dor de alguem,
amo de joelhos o universo ao consatatar a crueza que tenho em  meus labios 
e ver a benesse do firmamento.
amo e me desamo ao me ver tao limitadamente eu mesmo...

sexta-feira, maio 22, 2009

Prosa (incorrigido)

Sentidos estupefatos na ponta dos dedos. Questiono a metáfora. Faço uma pausa no poema, e transformo em prosa. Risco linhas, traços. Busco o desenho perfeito, ludico, concreto. Como se me conduzisse ouço as palavras fluirem. Reviso e reviso, e nem uma palavra sai de minha boca, não escrevo nada, não desenho. Mas passo um crivo severo em tudo que sai, e palavras nascem se conectam e logo são riscadas, desaparecem. Inicio novo texto e volto atrás, apago, jogo fora, desisto. Vou tomar café ou coisa que o valha. O poeta cético nunca dá por acabado seu escrito, nunca admira sua obra e geralmente só escapam da morte os papéis esquecidos em gavetas. É como o deus Cronos a devorar seus filhos antes dos céus terem cores. 
É, em verdade como um camponês que ceiva a terra, prepara, escolhe sementes e depois as lança. E depois, se torna enxurrada que carrega tudo, sementes, folhas e barro. É isto mas sem a paixão, sem o furor.

sexta-feira, abril 18, 2008

mar

que fazer entao, se o barco que eu navego nao cruza oceanos?
que fazer se nao vejo paisgens distintas talvez de guine bissau?
e se nao miro um oriente de olhos puxados, ou uma ilha com nativos corados de sol?

eu fazer se o barco que eu navego existe assim dentro de mim,
e oscila assim com as vagas do tempo,
com as ondas de impressoes,
e com uma alma que habita algum farol?

minhas cartas de navegacao me sao uteis,
mas sei que em ultima instancia somente exite o brilho das estrelas como guias,
e em brumas e dias nublados apenas a ideia de que elas estao ali a nos guiar...

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

vou escrever entao em uma solidao infunda. rodeado de pessoas,
de motivos pra me distrair, e motivos pra deixar tudo..
o tempo me diz para parar e deixar passar.
tenho presssa, o tempo passa pela ponta dos meus dedos.

eu decido ir,
eh hora de partir,

pois o par ja nao mereceu,
esperei por ele em vao.

minha anima, meu sonho,
minha cara partida...
ira esperar, ficar no passado como tantas vezes,

o tempo eh assim, passa para lugares que nao vemos.

para onde vai tudo isso,
eh a pergunta que nao deixa de ressoar

terça-feira, janeiro 29, 2008

o que eu mais me espanto é o que eu menos sei de mim.
quando algo que nao sei é por mim escrito,
me aponto que a minha imagem restrita que tenho de mim é por nao saber me conhecer.
(e nao obstante, sei que nao foi 'eu' quem bolou aquele sentido ali posto...)

isto é como medir o ar com fita metrica: tanto faz se aponto que sou para mais ou para menos,
tao inutil é o julgamento frente a grandeza do ser...

enfim, a parte de mim que mais me interesso é por essa que nao sei.
a minha ignorancia me entusiasma, me espanto com ela,
converso comigo e migo e encontro nao saberes descomunais,
1o por nao saber minhas partes varias,
2o por nao saber que nao sei
3o quando alego que nao sei, sem saber disto
4o compensa minha decepcao comigo,
é como encontrar abismos em mim,
mas também vislumbrar praias muito belas.

obviamente este abismo é de nao me saber,
e as praias sao paisagens estranhas, mas em que me encontro,
ou encontro o meu ser...

terça-feira, janeiro 15, 2008

PAISAGEM ou clara visao

... ' que tera de real, esta loucura
quen nos assegura que esto es normal ' ...

Já me deixei ver,
Deixei meu corpo nu, e assim,
Exposto, ri e marejei os olhos.

Hoje, o encanto seria belo, com a distancia logo cedo,
ou com os corpos amando mais tarde,
no pensamento ou entao.

E é uma brisa, fugaz, parece...
mas é o barco que eu arrisco,
enquanto espero o porto seguro,
o destino certo,

Enquanto me distraio, talvez,
com a paisagem.